nanquim sobre marca d'agua numa hojilla Atala (R)
[6,9 por 3,8 centímetros].
[6,9 por 3,8 centímetros].
Atala (R) é o Colomy (R) uruguaio. Li na contracapa dum livro que durante a ditadura militar uruguaia esses discretos papeizinhos foram heróicos meios de comunicação para os presos políticos (ao menos para os fumantes). Antes de ser uma marca de papel de cigarro, Atala é uma personagem de folhetim do romântico Chateaubriand. Trata-se de uma índia (esses românticos são obcecados por índias) que se converte em crente e e a partir de então se envolve em emocionantes aventuras e divertidas confusões para morrer virgem (li o resumo de três parágrafos na Wikipédia e já fiquei de saco cheio). A Atala uruguaya que a portada do libreto de hojillas me evocou, entretanto, é diferente. Com seu esvoaçante xale escarlate, essa libertina ameríndia charrúa cavalga livre-leve-e-solta pelas coxilhas tocando o terror nas bandas orientais. A lombada desse libreto ainda anuncia 73-75 hojillas (73-75 folhinhas): um raro e tocante exemplo de honestidade industrial.
nanquim e amostra grátis de papel reciclado
[11,5 por 8 centímetros],
[11,5 por 8 centímetros],
Montevideo, 28/12/08.
O que dizer do Gal. Artigas? Não aprendi muito da história oficial uruguaia. Resolvemos puxar conversa com uma velhinha que tinha o retrato do bonitão na parede:
- ¿Quién es? - apontamos para o quadro, como se já não soubessemos se tratar do onipresente general.
- Es el General José Gervasio Artigas, héroe de la Independencia! - e, sabendo-nos brasileños, emendou - ¿Y quién es para ustedes? ¿Tiradentes?
Tive a sutil sensação de que aquela doce senhora estava sendo irônica. Desacreditei, não podia ser... mas que era uma boa ironia, era!
que fica embaixo dum buraco numa camada de ozônio e onde arde um sol infernal.
"Colonia del Sacramento".
O céu mais foda que já vi.
As luzes porteñas do horizonte além rio se mesclavam à luz das estrelas. Se eu gostasse de cores teria usado vermelho, laranja, azul da prússia e púrpura.
Já o céu de Sta. Tereza era de um negro profundo. Roda de violão com fogueira, nos fundos de uma calorosa e hospitaleira bodega uruguaia, e essa ao pé de uma fortaleza setecentista. Ao pegar o violão naquele lugar me senti o Pateta dos Pampas do clássico da Disney "Saludo Amigos", cuja imagem marcou permanentemente o meu imaginário campeiro (nesse caso, é melhor aprender o "folclore" num desenho-animado que no CTG). Num playback de vitrola, o personagem charlatão finge para si mesmo e para seu cavalo que toca uma milonga melancolica. Não fiz muito diferente ao puxar "Hasta Siempre Comandante", de Carlos Puebla, fingindo pra mim mesmo e para os hermanos orientales ali presentes que yo hablo español.